sexta-feira, 8 de abril de 2011

A minha MATERNIDADE REAL



Maternidade Real

Achei super bacana a idéia de escrever sobre a maternidade real, pois a Maternidade real é bem diferente da maternidade Romântica... Dá vontade de escrever sobre muita coisa, muita coisa que não foi contada, e que quando cai na minha maternidade real me decepcionei, fiquei insegura, chorosa, me cobrando por não ser romântica como todos falavam...
Sempre sonhei em ser mãe, em parto normal, em amamentar em ser tudo lindo, sabe? Aquelas mães que você vê em filmes, novelas, ou as que encontramos na rua e dizem que é tudo lindo, que o bebê dorme a noite toda, que não chora, que come super bem...
E a gravidez aconteceu... e até hoje (e creio nunca esquecer) o melhor momento grávida foi escutar o coração do Eduardo... Quando o médico disse: “se a mamãe ficar bem quieta talvez possamos ouvir o coração”... e o silêncio se fez, e foi a coisa mais linda do mundo, escutar o bater forte, rápido  (e lá vai eu, chorando de novo, só de lembrar) do nosso lindo bebê, que estava ali, batendo forte só pra gente. Lembro do olhar do Alberto, do nosso choro misturado com risos, demoramos pra parar de chorar, de rir, foi a maior alegria, um sentimento único.
Vieram então as cólicas, o repouso, a cesária de emergência, pois o eduardo estava com 3 voltas de cordão no pescoço e pouquíssimo líquido amniótico, e a 2 meses sem ganhar peso, somente meros 400gr. E na minha cabeça??? Na minha cabeça passava o desespero de perder o meu filho, mas a frustração de não se MULHER O SUFICIENTE para parir, de parto normal. Hoje sei, que muitas e muitas mulheres sofrem com este sentimento, pois a sociedade não te trata como mãe, se você teve cesárea. Olham pra você... e já montam o seu pré conceito. Até hoje, quando me perguntam eu falo: Foi cesárea de emergência! Assim, os olhares mudam, não ficam cheios de pré conceitos e maldades. Sim Maldade. Sei que existem mulheres que fazem cesárea por comodismo, por acharem que tal data é melhor e por N motivos, mas na boa... como o seu bebê está? Como o seu corpo está? Correr o risco de perder o bebê, ou de complicações devido a cobrança da sociedade?? Pra mim foi muito difícil, acho que 90% das mulheres da minha família tiveram parto normal, e só a sensação de não ser mulher o suficiente passou, quando numa conversa com minhas tias, uma delas disse: “Ai Michele, deixa isso pra lá, foi preciso, não te estressa com isso, o Eduardo está bem, você está bem! Desencana!”
E ai pensei, é... quem está se martirizando sou eu, quem está sofrendo por uma coisa que passou... sou eu. Claro que gostaria de parto normal, claro que se tiver um segundo filho vou tentar, lógico. É Muito melhor (segundo minha mãe, que teve 3 tipos de parto – eu nasci sentada, de parto normal, minha irmã nem esperou o médico colocar as luvas e nasceu, também de parto normal, e meu irmão que por ser grande, não quis sair e tiveram que fazer uma cesárea de emergência), porque é melhor? Bom posso dizer que a dor do corte da cesárea é de mais da conta (pra mim, pelo menos foi). Cada vez que eu ria, tossia o negócio doía. Quando sentava, ou tentava levantar parecia que ia arrebentar todos os pontos. E quando pela primeira vez você levanta para ir tomar banho, e a anestesia já foi embora e parece que você vai morrer!!! Ou então, quando vêm a vontade de ir no banheiro, fazer o número dois, e o medo de fazer força e os pontos arrebentarem... E todos os cuidados, não levantar peso, não se abaixar, etc... Acho que tudo tem seus prós e contras, o que realmente vale é ter seu filho nos braços da melhor maneira possível, respeitando o seu corpo, o seu bebê e o tempo do seu bebê. Simples assim!
E a amamentação?? Eu tive a alegria de poder amamentar, em livre demanda (esta palavra, entrou no meu vocabulário a pouco tempo, mas já fazia isso, dava mama pro Eduardo a hora que ele pedia) mas não foi o romantismo todo, tudo lindo e maravilhoso, olhos nos olhos e só isso. Meu peito rachou, muito, dói MUITO, foram meses, sim, não foram dias, foram meses, passava 15 dias com o peito bom e 30 com o peito rachado. Pomadas e mais pomadas, banhos de sol, leite, chá de camomila.... sabe o que resolveu? Casca de banana, Simples assim. O mais engraçado disso, é que a dor só aparece quando o bebê abocanha o peito, e você chora, grita, se morde, e quando ele termina, você esquece. Sim é incrível, a dor vai embora e você só lembra dela quando o bebe abocanha de novo, acho que é uma defesa do nosso organismo, sim defesa, senso de proteção, proteção do nosso bebe. E preparem-se para banhos de leite!! Sabem aquelas conchas que todo o obstetra vai te indicar, para colocar nos seios?? Então elas enchem, e você esquece, e então se abaixa par apegar o seu bebê e então.... quando percebe o chão está molhado de leite, a blusa que você já trocou 5 vezes está novamente molhada de leite... Sim você vai cheirar leite azedo nos primeiros meses. Calma, é só nos primeiros meses, pois o organismo da gente vai se adaptando a quantia de leite que o bebe precisa e que você produz. No começo vai até ficar irritada, ou chateada porque esqueceu de novo da concha cheia, mas depois acaba caindo na risada. Mas vai uma dica, que descobri uns 4 meses depois, sabe aqueles absorvente de seios? Então se for sair com as conchas, ou precisar dormir com elas, coloca um deles nos furinhos da concha, deixe-o preso entre a concha e o sutiã, ajuda um monte a não tomar banho de leite. Funciona também com as de tecido, mas não são tão eficaz, não duram tanto tempo. O Eduardo ainda mama, mas hoje tento controlar as mamadas, afinal de contas ele já esta com 1 ano ... É cansativo, dia e noite, noite e dia amamentar. Cuidar a alimentação, ficar 60 dias sem lactose, soja, grãos, feijão, ovo e todos os seus derivados, passar dias a base de pão Frances e água. Quando a gente amamenta sente mais fome, mais sede, mais cansaço.. as vezes eu achava que ia secar por dentro, tamanha era a minha sede. As vezes achava que não ia agüentar ficar acordada amamentando pela vigésima vez, naquela noite. Adormeci muitas vezes com o Eduardo no colo, acordava apavorada, achando que ele tinha caído... Por estes motivos muitas e muitas vezes ele dormiu na nossa cama, entre nós, e muitas e muitas destas noites eu não preguei o olho, e o medo de sufocar, de ele passar frio, ou calor, de machucar... mas eu não conseguia levantar e levá-lo para o berço.
Bebês choram, muito. Alguns após os três meses aprendem a dormir e não choram tanto, outros, que são muitos, continuam chorando muito a noite. Então você levanta, dá mama, deita, levanta, troca a fralda, deita, levanta, tenta acalmar, faz dormir, levanta, da mamá e assim a noite passa. Ainda hoje passo noites em claro. Sim o Eduardo é uma exceção a regra, tem terror noturno e distúrbio do sono. Sim a Isa, filha da minha amiga acorda uma única vez a noite, mama e volta a dormir. Sim isto acontece, e sim seu bebê pode não dormir a noite toda. E a culpa não é sua, saiba disso. Simplesmente as crianças são diferentes, cada uma tem o seu ritmo. Desculpe especialistas, mas quando seu filho não dorme, você faz qualquer coisa pra ele dormir. Muitas e muitas vezes o Eduardo dormiu na nossa cama, no nosso quarto, no nosso peito... se isso um dia trará algum transtorno pra ele eu não sei. Só sei que nunca poupamos esforços para fazê-lo dormir, enquanto a sua esofagite não o deixava... Ser um bom pai, uma boa mãe não significa seguir tudo o que os especialistas dizem... Já tentei todas as técnicas para fazer dormir a noite toda, já deixei ele chorar 6 horas numa noite, pois os especialistas diziam que é assim que se faz. Já sentei na escada e fiquei horas esperando ele aprender a dormir sozinha, já entrei no quarto deitei ele novamente um milhão de vezes, sem falar nada... mas isso não funcionou com ele... Cada família tem um jeito, e quando o seu coração diz que você esta certa, que está tentando fazer o melhor, esqueça os especialistas, mas aja sempre com AMOR.
As vezes o Eduardo me enlouquece com seus choros, o dia todo, querendo meu colo, só o meu... dizem que é fase, eu sinceramente não sei, mas to achando que é manhã, egoísmo dele, por achar que a mãe é só dele... ainda não sei, mas o choro dele me irrita, profundamente. Já o Alberto não se incomoda tanto quanto eu. Dizem que o ouvido da mãe é mais sensível que o do pai. Até mais ou menos os 8 meses do Eduardo, seu choro era de dor, de desespero, ele não conseguia dormir, o leite ficava indo e vindo, e ele chorava de dor, de cólica, de tudo... este choro era de matar... fazíamos tudo o que podíamos e mais um pouco para ele acalmar.
Ah! Você sempre vai escutar o choro do seu filho, o resmungo, a respiração a tosse, e enquanto você faz, ou melhor, tenta fazer o seu filho para de chorar de madrugada, passa um milhão de coisas pela sua cabeça, a vontade é de desistir. Lembro que li num livro algo que dizia assim: Não tome nenhuma decisão a noite, a noite tudo é sempre pior. E é verdade, parece que a noite tudo fica horrível... E então o dia amanhece e você levanta, limpa a casa, cuida do bebê, cuida de tudo. Sim se você está sozinha (sem babá, empregada, mãe, sogra...), não tem ninguém para ajudar, acha que vai surtar... tinha vezes em que eu não tinha vontade de nada, absolutamente nada, só queria dormir... e muitas vezes nem isso eu conseguia... E o seu marido.... coitado... a gente fica tão cansada que muitas vezes esquece que temos marido, amigos e que em algum momento da nossa vida tínhamos uma vida na qual não éramos somente mães.
E seu filho começa a comer, e você só faz a comidinha mais natural, o suquinho mais natural, tenta ao máximo a melhor alimentação, mesmo sabendo que quando ele for maior vai se acabar num sorvete, numa barra de chocolate, mas eu acredito que quanto mais eu puder criar uma alimentação saudável para o Eduardo melhor será a qualidade de vida dele, então eu faço o suco, eu faço o nugtes, eu faço a comida e tudo o que mais eu puder. Se tem mães que preferem industrializados, elas tem seus motivos, e no fundo sabem que o ideal é uma alimentação mais saudável, mas e o tempo pra isso... Não estou querendo dizer que eu estou certa e fulana errada, mas se você pode, porque não fazer uma alimentação mais saudável para o seu filho? Evitando alergias alimentares que podem durar a vida toda?? Amo chocolate e quero que o Eduardo possa comer uma barra de chocolate o dia que ele estiver triste, por isso não quero dar chocolate e outras coisas pra ele antes dos 3 anos, para evitar qualquer alergia... eu penso assim...
Quando o bebe nasce, você se torna mãe. Somente mãe. Não estou falando só de filhos biológicos, estou falando de se tornar mãe ao pegar o seu filho no colo pela primeira vez. E se você não tem aquela amiga pra te dizer que está na hora de você ter um tempo só para você, pode surtar...
Ser Mãe é muito bom, é muito cansativo, é um momento da nossa vida que vem cheio de surpresas, cheio de desafios, e acho que o maior deles é entender o processo de ser mãe, de ser profissional, de ser mulher, de ser amiga... não é simples, mas aos poucos a gente consegue, não há receita para ser mãe, só ingredientes, que ao meu ver são: Amor, compreensão, paciência e tempo...
Por muito tempo acreditei que eu não era uma boa mãe, que a minha maternidade não era como a das outras mães, cheia de momentos lindos e romântico, onde nenhum problema acontecida, só existia amor. O Amor existe, mas os obstáculos também, e não deixo de ser uma boa mãe por falar que meu filho não dorme, por falar que fico sem paciência, por achar que vou entrar em colapso nervoso a qualquer momento... Hoje os olhares não me incomodam mais, me incomoda sim, não assumir seus problemas, suas angústias, seus medos, suas incertezas, me incomoda saber que tem pessoas que vivem uma situação em casa e quando saem na rua montam um teatro, onde suas vidas são lindas, floridas e românticas, fazendo nós, mães reais, sentirem-se incompetentes por nossos filhos não dormirem, não comerem, chorarem... Cada bebe tem seu tempo, cada mãe tem seu tempo, cada família tem seu tempo. E o melhor tudo se ajeita com o tempo, e ver seu filho lindo, sorrindo pra você e te chamando mamaeeeee, é uma delícia.
Se em algum momento o texto não fizer muito sentido, é porque tive que parar, cuidar do Eduardo e voltar a escrever, este texto levou algumas horas para ser terminado...
BJOMELIGAECOMENTASEQUISER!
Eu vou Adorar se vc comentar, mas principalmente se vc repassar o texto!

8 comentários:

  1. Adorei! Vc retratou super bem a maternidade real! E essa história de não tomar nenhuma decisão à noite é a mais pura verdade!! Já pensei cada coisa durante a noite... Daí, umas horinhas de descanso e vejo cada absurdo que eu pensei, hahahahah!
    Super bjo,
    Camila
    www.mamaetaocupada.blogspot.com

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  2. E sabe o que mais? Daqui há uns dois anos você vai esquecer tudo isso, vai lembrar apenas das horas boas e....engravidar de novo!!! É a Mãe Natureza agindo pela preservação da espécie. Isso, é claro, se vc NÃO LER O SEU BLOG!
    Na real, admiro o que vc fez com teu bebê, levando ele às aulas de especialização para que tenha uma educação privilegiada desde o início.
    Bj

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  3. Oi Flor ... passando pra conhecer seu cantinho!!! ameiiiiiiiiiiiii o post!!! e tbm participei hj... dá uma olhadinha lá.


    naoefacilmaseminha.blogspot.com

    bjussssssssssssssssssssssss

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  4. ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh esqueci de dizer ... afff eu achei que só eu esquecia da concha e molhava tudo uahauahauhuahahuahuahua quanto a cesárea... a minha não foi de emergência, mas foi a médica que achou melhor pro Davi, e eu aceitei , apesar de ja ter entrado em trabalho de parto, mas sempre ouço por aí ... AHHH MAS ELE NEM ERA TÃO GRANDE!!!! eu tenho vontade de dizer... pelo amor de DEUS eu só tenho 1,50m, se a médica achou que ele ia sofrer então pronto nada de sofrimento ... afffffffffffff

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  5. Oi Mi..é sua vizinha há duas casas antes, hehehe...Tenho lido o blog, e as coisas que vc diz são bem reais. A maternidade realmente nem sempre é esse mar de rosas, passamos por mtas dificuldades, descobrimos coisas que nunca nos disseram, exercemos a paciência 24 horas, ainda temos um marido pra cuidar...no meu caso, um filho grande, hahahaha...mais faculdade, trab., prova...vixxxx uma lista sem fim. Mas, pra tudo se dá um jeito...e assim continuamos a caminhada.

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  6. Hahah, voce descreveu perfeitamente a Maternidade Real, é tragica se lendo simplesmente; mas imaginando voce falando, se torna engraçada.
    Muito legal.
    Beijos....

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  7. Ah! e depois dos 4 anos vc ja esqueceu de tudo..... hahah (eu pelo menos nem lembro mais....)

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  8. Eu passei por muitas frustrações parecidas...
    Queria muito o parto normal e não consegui, fquei frustrada, me sentindo incapaz.
    Sofri muito com a amamentação no primeiro mes, e tambem usava a casca de banana, nunca tinha ouvido alguém falar que usou tambem... rs
    Mas depois as coisas começam a se ajeitar né?
    E quando a gente para de se culpar tudo fica mais facil.
    Adorei conhecer seu blog, voltarei sempre.
    BJos

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